Estes dias me perguntaram “Como você definiria Big Data para um executivo de uma empresa que não tenha conhecimentos técnicos?”
Bolei a seguinte explicação (me diga nos comentários o que você achou dela, please!)
“Big Data é o termo mais comum para se referir ao desafio de extrair significado (e consequentemente valor) de um conjunto de dados que seja ao mesmo tempo muito grande, desestruturado, diverso e cuja taxa de criação (ou adição de novos dados ao montante inicial) é muito rápida e não controlável. Vencer este desafio requer técnicas analíticas e tecnologias de armazenamento e processamento de estado da arte. É interessante pensar neste desafio de Big Data como um paradoxo temporal infinito. Há 30 anos atrás analisar o conteúdo de um DVD em um computador 486 seria um desafio de Big Data equiparável aos problemas de hoje: de analisar exabytes (10^12 Mb) de e-mails, tweets, fotos, dados de sensores de trânsito, etc em tempo real. Daqui a 30 anos, este cenário provavelmente será tão nostálgica quanto a analogia do 486.”
P.S.: Minha ideia com este artigo não é detalhar o que é, como usar, exemplos de negócios e aplicações usando Big Data. Mas quem quiser falar a respeito pode me chamar que eu sou apaixonado pelo tema! Inclusive é a temática do meu MBA: Big data aplicado ao Marketing.
E como o mercado não especializado enxerga Big Data?
Na sequência da conversa, me perguntaram como eu achava que o mercado não-especializado enxergava este assunto? Minha resposta: com indiferença.
Big Data é uma palavra da moda. A ideia estabelecida é que o termo se refere a montanhas colossais de dados e que a nova norma de mercado é que deve-se transformar estas montanhas em minas para exploração (nota-se que a noção é incompleta). No entanto, pelo menos baseado na minha experiência com meus clientes, este mercado ainda não consegue formular ideias novas de negócios baseadas neste dados de Big Data.
Eu acho que a problemática pode se resumir a falta de uma cultura de gestão baseada em dados ou “data driven culture” (que é como o Google se refere a sua própria cultura). Vou dar um exemplo, a maioria das empresas não enxerga, primeiro, que elas já tem montanhas de dados (todos tem CRM, maiorira tem ERP, etc), e segundo, que podem transformar estes dados em valor, seja peneirando informações para marketing ou então analisando pontos para melhorias de processo. Não vou nem me delongar no mérito de que estes casos são de dados estruturados, passíveis de análise usando ferramenta consagradas a anos já. Tem muita empresa que nem sequer trabalha Business Inteligence ainda. Diga-se de passagem, diz-se que apenas 1% dos dados corporativos são usados, efetivamente, para análise nas grandes corporações. Há um estudo que correlaciona isto com outra estatística que aponta que 90% das estratégias empresariais falham… Por que será?
É por este contexto, que digo que, apesar da palavra estar na moda, na realidade há INDIFERENÇA por parte do empresariado brasileiro no que toca o querer investir em Big Data (“ah… será que eu preciso? acho que consigo me virar sem”).
Mas Darwin vem aí para dar um chute evolucionário na bunda da empresa preguiçosa.
O único lugar que vejo um “furor” em relação a querer investir, experimentar se aproximar de Big Data é o cenário de start-ups, aceleradoras, incubadora, investidores, etc. E já aviso, para aqueles que dão descrédito no movimento porque se ouviu falar de um aventureiro ou outro que fracassou em um projeto inviável: analisando minuciosamente vê se que a maior parte das start-ups falham devido ao modelo de negócio, não devido a tecnologia.
É notório o movimento de fusão, compra e contratação de start-ups no mercado brasileiro por parte de grandes empresas e multinacionais (segundo a PEGN, estes tipos de contratos cresceram 194% em 2017). Me parece que hoje a consciência sobre o assunto está bem limitada a um conjunto de empresas globais, mas, devido aos movimentos do próprio mercado e das start-ups (que vão “disruptando” os modelos que não evoluem), posso supor que o mercado não especializado vai acabar sendo influenciado por Big Data através de um movimento de “push”. Espero que você, amigo empresário, não seja um desses que vai ver o seu negócio ser consumido por essa maré. Está na hora de olhar seriamente para este assunto.
REFERÊNCIAS:
- Big data ou big problems? Os mitos e as verdades gerados a partir da análise do grande volume de informações que transita hoje na internet Por Eduardo de Rezende Francisco – Revista da ESPM – Setembro/Outubro 2014.
- Contratos entre grandes empresas e start-ups crescem 194% no Brasil – Revista Pequenas Empresas e Grande Negócios, Setembro de 2017 – https://revistapegn.globo.com/Startups/noticia/2017/09/contratos-entre-grandes-empresas-e-startups-crescem-194-no-brasil.html
Texto originalmente publicado pelo Fernando Carlini Guimarães, sócio da Hélice Soluções de Inteligência e Criatividade para Estratégia LTDA ME, como artigo na sua página do LinkedIn. Veja o link original aqui.