Sua empresa precisa inovar. Nenhuma novidade aí, correto? É a mesma coisa que dizer que precisamos entregar nossos produtos e serviços com qualidade e pontualidade. É uma norma, um imperativo do mercado. Você olha para a sua equipe, para seu portfólio, busca ideias, referências, notícias quentes e surge pipocando como um “buzz”, um “hype”, um termo que parece ser a resposta mágica: DESIGN THINKING. Sim! Vamos lá, vamos mandar todo mundo fazer curso, compra dois caminhões carregados de post-its e bora fazer inovação!Quem dera fosse tão simples!

“A cultura come a estratégia todo dia no café da manhã”

Atuando no mercado de consultoria à algum tempo já vi este movimento terminando em decepção e frustração por muitas e muitas vezes. E, na minha opinião, a natureza da razão pela qual estas tentativas falham é de ordem cultural/comportamental. Há muitas soluções e literaturas no mercado que vão te trazer ferramental, métodos, fórmulas e templates fantásticos. Deslumbram-se facilmente com a sapiência e sagacidade dos bordões clássicos “usuário no centro da estratégia”, “empatia”, “fail fast”, “prototipagem”, “co-criação” e esquecem que para cada um destes aparatos funcionar (e acredito, em termos puramente técnicos, eles realmente funcionam) é necessário um espaço de respiro para se entender que algo novo está sendo testado e que nós precisaremos aprender com isso. E mais, teremos que repensar a forma como atuamos e nos reestruturar, quebrar hierarquias, regras etc.

Se não houver uma abertura para o novo, e no caso estou falando daquela abertura real, aquela que te tira o sono, que te dá frio na barriga, pois você se dá conta que realmente está fazendo algo pela primeira e está pensando “Ó Senhor, o que acontece agora? E se eu errar tudo?” então é provavelmente porque a sua empresa está fazendo algo errado nesta abordagem de implementação.

O que pode dar errado?

Para tentar elucidar um pouco do que estou falando, vou recorrer a um material da consultoria Oliver Wyman.(O link para o conteúdo você pode achar no final do artigo). É um estudo de caso da aplicação de soluções de design thinking no setor financeiro. Abaixo eu trago um quadro que elenca os principais desafios da abordagem.

Dificuldades de implantação do Design Thinking em instituições
Fonte: Consultoria Oliver Wyman

Como o quadro estabelece, o desafio é multi-hierárquico e intra-relacional. Se todas as peças não estiverem alinhadas (patrocínio devido dos níveis mais altos, pré-disposição das camadas táticas e operacionais) a roda já não começa andar. E, o primeiro soluço que surge nessa engrenagem quando a cultura vigente não dá suporte a um movimento destes, é que os participantes não sentem que tem a autonomia necessária para se experimentar e aprender com o processo.

Então, minha dica, se você quer que sua empresa se experimente neste caminho, primeiro abra espaço para tentativa e erro, expressões voluntárias e autônomas de todos os membros da sua equipe. Quando este caminho estiver pavimentado, o ferramental do Design Thinking vai cair como LUVA!

Uma analogia útil que eu escutei estes dias: não adianta nada você querer instalar um CRM (não importa de qual fornecedor) achando que ele vai melhorar o seu processo comercial, se a sua equipe não tem o hábito de registro e gestão do conhecimento. Não é a ferramenta que resolve teu problema. Ela só pode te ajudar a melhorar a sua entrega. Afinal… se só você tem um martelo na mão, tudo parece prego.

Baixe o relatório completo da Oliver Wyman clicando aqui.

 

Texto originalmente publicado pelo Fernando Carlini Guimarães, sócio da Hélice Soluções de Inteligência e Criatividade para Estratégia LTDA ME, como artigo na sua página do LinkedIn. Veja o link original aqui.

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